Nos primeiros jogos dois empates sofríveis, o primeiro de se assistir e o segundo de ser alcançado, apenas aos 47 minutos da etapa final. Para se classificar bastava o Brasil empatar com o fraco time equatoriano que seguiria para a próxima fase, mesmo sendo o terceiro colocado do grupo.
Se os brasileiros vinham de dois empates os equatorianos tinham conseguido conquistar apenas um ponto até então, ganho no empate em 0x0 com o Paraguai na estreia da competição. Depois disso perderam para a Venezuela por 1x0 e precisavam vencer se queriam ir adiante. Tarefa difícil, mas que foi facilitada por duas falhas de Julio Cesar.
Para este jogo Mano modificou o esquema da seleção, colocando Robinho e Maicon e tirou Jadson e Daniel Alves. E não foi só isso. O Esquema de jogo também foi alterado. Sem a bola o time ficava no 4-3-3 definido pelo treinador, apertando a marcação na saída de bola. Já com a bola nos pés o esquema se tornava um 3-4-3, com Lúcio, Thiago Silva e Lucas Leiva defendendo, enquanto os laterais se tornavam alas. Ganso e Ramires ficavam por dentro, Robinho e Neymar de pontas e Pato como centroavante, esperando uma oportunidade.
E precisou esperar, mas quando teve a primeira oportunidade abriu o marcador. O time insistia pelas jogadas com Maicon pela direita e quando inverteu o jogo conseguiu abrir o placar. André Santos, livre, dominou bola tocada por Ramires, olhou, esperou Pato se adiantar a marcação e cruzou. O lançamento foi preciso, uma assistência para o atacante do Milan, que cabeceou no fundo da rede e tranquilizou o torcedor brasileiro aos 30 da primeira etapa.
Estava tudo bom, o time amarelo lá na frente e com poucos contra ataques do equador, que esbarrava nos monstros Lúcio e Thiago Silva. Foi assim, até que Júlio Cesar foi testado. Caicedo, atacante do Levante (Espanha), recebeu na meia lua, escolheu o canto e chutou no meio. Parecia tranquilo para o melhor goleiro do mundo em 2009, porém, o arqueiro brasileiro falhou, caiu tarde e a bola passou por baixo dele. Gol do equador e tudo igual no estádio Mario Kempes.
A preocupação voltou a estar com a torcida verde e amarela. Fim do primeiro tempo e a segunda etapa prometia ainda mais emoções. Por sinal, as mesmas emoções. O time canarinho novamente começou em cima, atacando e querendo amenizar a falha do seu goleiro. A forma com que fez não poderia ser melhor, afinal, Neymar e Ganso finalmente desencantaram na seleção. Ramires partiu com a bola, mandou para o 10 que, de primeira, lançou Neymar na cara do gol. Ficou fácil demais. O craque só tirou goleiro e seguiu correndo, agora para comemorar.
Novamente a torcida estava tranquilizada, o gol garantia a equipe nas quartas de final. Entretanto, Julio Cesar foi testado mais uma vez por Caicedo, e novamente falhou. Parecia replay. O atacante equatoriano chutou da meia lua após cortar Thiago Silva, mandou no canto direito do gol e mais uma vez Julio deixou a pelota passar por baixo. Empate equatoriano e pintava uma pulga atrás da orelha com esse time de Mano.
"Ameba do Jogo"
O goleiro Julio Cesar quase comprometeu o time, falhando
em lances fáceis, aceitando dois frangos.
Quem não quis nem pensar nisso foram os atacantes. Neymar fez jogada individual pela direita e chutou. O goleirão defendeu, mas bateu roupa e Pato estava lá para brigar com Robinho e os zagueiros equatorianos. O sucessor da nove de Ronaldo levou a melhor e conseguiu empurrar a bola em direção ao gol. 3x2 e desta vez o Brasil não perderia a vantagem no placar.
Para assegurar a vitória, Maicon, que fez excelente partida, foi até o fundo da ala direita e serviu Neymar, que venceu o goleiro, anotou seu segundo gol no jogo e cravou a seleção como líder do grupo, sem precisar de desempate na moeda, caso o número de gols marcados seguisse com quatro.
Não foi a primeira fase ideal. Muitos tropeços e ainda há muito que ajustar neste time, porém, este último jogo mostrou que, por enquanto, a individualidade guia este time. As jogadas de um ou outro craque desarmam as defesas, mas as jogadas de grupo ainda estão em falta. Maicon deu novo gás na ala direita, deixando, novamente, Daniel Alves para esquentar o banco de reservas. Neymar e Robinho fizeram bem a troca de posições, uma hora caindo pela direita e depois pela esquerda. Pato foi essencial e perfeito quando acionado.
Pato e Neymar foram os salvadores de um
vexame e do goleiro Júlio Cesar.
Lá atrás é que mora o perigo. Thiago Silva e Lúcio são ótimos zagueiros, desarmam muito e matam muitas jogadas, porém, quando não conseguiram conter os lances tivemos problemas. Julio Cesar não está mais na fase de 2009, quando a Inter de Milão venceu tudo o que disputou, seu momento não é dos melhores e Mano precisa ficar atento com isso. Vitor poderia ter uma chance, mas agora no mata-mata acho muito improvável sua entrada.
Nas quartas nosso adversário é o Paraguai, pela segunda vez nessa edição da Copa América. Não é dos maiores rivais da seleção, porém o confronto anterior mostrou que não há brechas para erros ou desatenções momentâneas. Como já dito, agora é mata-mata, outro erro igual ao de Júlio Cesar, ou de Daniel Alves, contra o Paraguai na primeira fase, pode significar a eliminação da seleção e frustração de todos.
Fotos: Marcelo Sayão
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