terça-feira, 2 de agosto de 2011

Série especial: Brasil x Alemanha - Os craques

Como havia prometido, aqui está o segundo texto da trilogia do clássico entre Brasil e Alemanha. Agora o tema em foco é bem amplo. Os craques do passado destas equipes são vários e fazer uma lista pequena é difícil, mas tentarei ser justo e selecionar um jogador por posição. Claro que esquecerei um nome ou então algum leitor (ou todos) não concorde comigo, porém, o objetivo é apenas ressaltar a força destes times ao longo das décadas.


Em Copas os números pesam para o lado do Brasil, com cinco conquistas (58, 62, 70, 94 e 2002) contra três da Alemanha (54, 74 e 90). Mas estes números exaltam a força coletiva dos países e o trabalho aqui não é esse, e sim resgatar, para quem não se lembra, os homens que fizeram história vestindo estas camisas.

Começaremos então com o anfitrião do amistoso do dia dez de agosto. A escalação de todos os tempos seria no antigo 4-4-2, deixando clara a forma tradicional do time jogar, que quase sempre segue os princípios da escola alemã, já ditos aqui, de priorizar a eficiência em grupo. Os onze homens alemães seriam os seguintes:

Goleiro – Oliver Kahn: Não poderia ser diferente. Depois da Copa de 2002 o goleiro mostrou ao mundo do que é capaz. Sofreu apenas três gols no mundial, sendo dois na final. Além disso foi escolhido como melhor jogador da posição no mundial e foi além: marcou o seu nome ao ser o primeiro goleiro escolhido melhor jogador da competição. A camisa um não teria melhor dono.

Lateral direito – Berti Vogs: O ‘Terrier’ alemão. Seu apelido é em referência a um cachorro, por conta da sua grande habilidade de marcação. Participou das Copas do Mundo de 70, 74 e 78.

Líbero – Franz Beckenbauer: Pela habilidade era um meia recuado e sua saída de bola elevava o nível técnico da equipe alemã de maneira única. Além de criar as jogadas, o Kaiser (imperador) era eximiu defensor, barrando as investidas adversárias.

Zagueiro – Jürgen Kohler: Foi o nome da defesa da Alemanha na década de 90, participando de três eurocopas (88, 92 e 96) e três mundiais (90, 94 e 98). Tem no currículo 105 jogos e dois gols pela seleção alemã.

Lateral esquerdo – Paul Breitner: Um dos primeiros alas do futebol, pois sempre estava presente nas ofensivas do time, especialmente na copa de 74, quando foram campeões vencendo o Carrossel Holandês. Jogou de 71 a 82, estando em campo 48 vezes e anotando dez gols

Volante – Bastian Schweinsteiger: O atual volante da Alemanha começou como meia, próximo dos atacantes, mas agora atua mais recuado, sendo o segundo volante do time. Tem muita técnica e boa saída de bola.

Volante – Michael Ballack: Recém-aposentado, o jogador marcou seu nome na camisa treze dos times por onde passou. Em 2006 era o principal jogador do time anfitrião da Copa, mas pararam na forte Itália. Segue a escola alemã do meio campista que consegue atacar e defender com a mesma qualidade.

Meia – Thomas Häßler : Se Kohler era o homem da defesa na década de 90, ßler comandava o meio campo e colocava velocidade nas jogadas ofensivas da equipe. Eleito o terceiro melhor jogador do mundo em 1992, o meia participou de 101 partidas com a camisa de seu país e marcou onze vezes.

Meia – Lothar Matthäus: Se manteve na equipe durante vinte anos, de 1980 a 2000. O ídolo do Bayern de Munique foi o camisa dez de sua geração, conquistando a copa de 90 e liderando sua seleção a partir da Copa de 86. Seu maior prêmio veio em 1991, quando recebeu o título de melhor jogador do mundo pela FIFA.

Atacante – Miroslav Klose: O segundo maior artilheiro do time alemão não poderia ficar fora dessa. Não foi apenas isso que Klose alcançou como líder da ofensiva da Alemanha. É o segundo maior artilheiro em Copas do Mundo, com c14 gols (iguais aos de Gerd Muller), um atrás de Ronaldo e artilheiro da Copa de 2006.

Atacante – Gerd Müller: 68 gols em 62 jogos, média de 1.09 por jogo. Esse é o maior artilheiro da história do futebol alemão. Empurrou a bola catorze vezes para as redes em mundiais e ainda colocou na bagagem a Eurocopa de 1972. Estes números e o feito de conquistar a Copa de 74 renderam ao craque o apelido de ‘der Bomber’ (o bombardeiro).

Técnico – Beckenbauer: Mas pera aí, ele já não foi escolhido como líbero? Exatamente. Entretanto, sua passagem à frente da seleção não pode ser esquecida. Como jogador participou da conquista alemã de 70, porém, foi além disso. Estava no comando em 90, no título conquistado na Itália contra a Argentina de Maradona. Um craque de verdade não fica apenas em campo, mantém seu brilhantismo fora dele. Beckenbauer é (ao lado de Zagallo) um dos únicos a ser campeão do mundo como jogador e treinador.


Agora vamos à nossa seleção, pentacampeã mundial. Esta também entra em campo no 4-4-2, mas em uma variação do esquema. Para ser específico seria um 4-1-3-2, com três meias de criação, ou então, um meia e dois pontas, como preferirem. O que fica nítido neste time é a ofensividade mais do que clássica, além de ter craques capazes de formar cinco times diferentes, com nomes diferentes.

Definir um ou outro pra posição é mais do que difícil, chega a ser impossível. Se hoje falo Sócrates no meio campo, amanhã posso falar Rivelino, e isso se repete em outras posições. Entretanto, a tarefa é ressaltar o passado glorioso. E vamos aos nomes:

Goleiro – Taffarel: Quem nunca jogou bola e soltou: “Vai que é sua, Taffarel”? E não foi apenas o bordão que marcou gerações, o goleiro homenageado agarrou sua chance com a camisa da seleção. Em 87 teve sua primeira convocação e não saiu mais do time. Disputou três Copas do Mundo (90, 94 e 98) e passou os 100 jogos debaixo das traves defendendo nosso país. Campeão em 94, Taffarel é lembrado por jovens, adultos e senhores, que o definem como espetacular (ou outros elogios, que não cabem aqui por serem termos ‘chulos’).

Lateral Direito – Carlos Alberto Torres: O capitão do tri tem espaço (não garantido) neste time (Djalma Santos faz sombra gigantesca). Entrou na seleção em 58, ano do primeiro título mundial, e saiu apenas em 70, levantando a terceira taça da equipe em quatro Copas. Fez dupla com Pelé no Santos e no Cosmos, além de ter sido escolhido o melhor lateral direito sul-americano de todos os tempos pela FIFA.

Zagueiro – Lúcio: Por muitos anos a defesa brasileira foi considerada o ponto fraco do time. Na década passada Lúcio mudou esta história. Foi campeão do mundo em 2002 e de lá para cá só aprimorou sua (já grande) capacidade defensiva e de marcação e, consequentemente, melhorando este setor da equipe.

Zagueiro – Bellini: Capitão das duas primeiras conquistas brasileiras em Copas do Mundo, ficando marcado pela foto de 58, quando levantou a taça sobre a cabeça com as duas mãos. Em campo o jogador era brigador, raçudo e não media esforços quando defendia a camisa canarinho. Foi o pioneiro a levantar a taça pela equipe que mais vezes conseguiu este feito.

Lateral esquerdo – Roberto Carlos: As bombas de falta batidas de canhota sempre ficarão na mente dos adoradores do futebol. Roberto Carlos abusava do método para marcar alguns gols, históricos gols. Pela seleção foram ‘poucos jogos’, apenas 125. Enquanto que pelo Real Madrid o jogador entrou em campo quase 600 vezes com a camisa madrilena. Foram três Copas disputadas (98, 2002 e 2006) e catorze anos na ala esquerda do país do futebol.


Volante – Falcão: ‘Rei de Roma’. Com este nome o jogador ficou conhecido no mundo. Cravou seu nome na história da seleção da Copa 82, liderada por Telê Santana, derrotada pela Itália. É lembrado especialmente como jogador da Roma, onde passou cinco anos e venceu dois campeonatos e duas copas italianas. Era um volante com classe em seu modo de jogo, mostrando toda a habilidade da grande equipe da década de 80.

Meia – Zico: Sua especialidade não era simplesmente bater falta, e sim encantar a torcida brasileira, além do mundo todo. Zico espantava a todos com sua facilidade em jogar, criando jogadas para os companheiros e definindo outras. As cobranças de falta são únicas, colocadas no endereço certo, de forma mais precisa do que em uma cirurgia. A camisa dez que vestiu Pelé nunca fora, depois do eterno melhor do mundo, tão bem honrada por um jogador quanto pelo ‘Galinho de Quintino’.

Ponta esquerda – Pelé: Único.

Ponta direita – Sócrates: Um democrata em atitude, doutor por ofício e jogador por dom, não o de jogar, mas o de trazer a alegria ao rosto dos torcedores. Em jogo, sua classe predominava. Considerado unanimidade em duas listas feitas por torcedores, a de melhores jogadores do Corinthians e de ídolos da equipe. Uma frase de Vicente Matheus define bem porque Sócrates fez parte de dois times históricos (o Corinthians da década de 80 e da seleção de 82): "O Sócrates é invendável, inegociável e imprestável”. 

Atacante – Ronaldo: Se vamos falar de história e não citarmos este craque seria uma heresia. Três cirurgias nos joelhos não conseguiram pará-lo. A segunda veio antes de uma Copa do Mundo, a de 2002, após ter sido campeão em 94 (no banco de reservas) e da final trágica (para nós) de 98. Duvidar era o mínimo que faziam com ele antes do mundial, após o campeonato, exaltar era pouco. Ainda foi à Copa de 2006, chegando a dois títulos e uma final em quatro participações. A camisa nove nunca será a mesma sem o dentuço que espalhou felicidade por duas décadas do futebol brasileiro.

Atacante – Romário: 1000 gols marcados, uma conquista de Copa na bagagem e o apelido de baixinho. Ou então, o que o define melhor, ‘Rei da grande área’. Romário, junto com Bebeto, ganhou uma Copa e criou polêmica por não ir à outra (a de 2002, quando Felipão se recusou a levar o centroavante). 55 tentos do milhar de gols foram feitos com a camisa amarela mais famosa e com o escudo da CBF no peito, em 70 oportunidades no comando do ataque brazuca.

Técnico – Telê Santana: Ficou na história sem ter ganhado uma Copa do mundo, ou melhor, ficou marcado exatamente por ter perdido uma. Não por sua má campanha ou time fraco, pelo contrário, dizem que a maior injustiça do futebol em todos os tempos foi a seleção brasileira de 82 não ter, ao menos, chegado a final. Telê comandava seus jogadores com pulso firme e conseguia resultados memoráveis, como as duas Libertadores e dois mundiais consecutivos liderando o São Paulo. “Mestre Telê” não foi campeão na seleção, mas mesmo assim é apontado por jornalistas, jogadores, técnicos e torcedores como o maior treinador brasileiro de todos os tempos.


Segunda etapa do clássico finalizada. Agora o próximo tema do jogo será exatamente a atualidade. Vamos analisar os times de hoje de Brasil e Alemanha, nos preparando (na véspera, como de costume dos brasileiros) para este jogo que sempre promete ser inesquecível. Pode não ser em uma Copa do Mundo, mas só de ter estas equipes se enfrentando já é um fato a ser lembrado.

Terça-feira, dia 09 de agosto é a data de nosso próximo encontro aqui. Até lá, prossigam desfrutando da leitura dos demais textos do blog.

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