sábado, 5 de novembro de 2011

Ídolos de verdade, onde estão vocês?

Ah o futebol. Paixão quase unanime dos habitantes deste imenso país. Com tantos times e jogadores, o que não falta é chance de encontrar um que se identifique com o outro, ou ao menos uma parceria que teve sucesso e conseguiu conquistas importantes. Sejam por características, detalhes ou simplesmente o inexplicável, poucos conseguem quebrar a barreira mais alta e tornar-se ídolo intocável de uma equipe.

Voltemos no tempo, melhor exemplo desta paixão com vários e indescritíveis encontros. Zico, o Galinho de Quintino, jogou apenas no Flamengo no Brasil. Tinha habilidade para jogar onde quisesse no mundo, mas estava disposto a tudo pelo clube que ama. Além disso, foi mais do que reconhecido pelos torcedores, que o ligaram diretamente a identidade do time.

Além do camisa 10 rubro-negro, podemos listar outros grandes craques que é só citarmos para lembrarmos de apenas uma equipe. Roberto Dinamite é sinônimo do cruzmaltino carioca. Atlético-MG e Reinaldo tem ligação estreita, assim como Renato Gaúcho com o Grêmio, Falcão com o Internacional e diversos outros grandes jogadores. Ah, Pelé, não conta. Afinal, o garoto de Três Corações conseguiu ir além do impossível, se tornando ídolo não apenas do Santos e do Brasil, mas sim mundial, feito de raras exceções.


Atualmente temos dois grandes personagens neste quadro. Rogério ‘Mito’ Ceni e ‘São’ Marcos, vizinhos de CT´s na Barra Funda, Bairro paulistano, onde São Paulo e Palmeiras mantem seus treinamentos. Ambos os goleiros tiveram carreiras de glórias ligadas totalmente a seu clube, crescendo junto com ele e, a cada partida, se mostrando um amante da instituição. Doaram-se a cada contratempo, estando abaixo da meta e sempre que requisitados fazem o que sabem: honram com suor e sangue o manto que vestem e o escudo sobre o peito.

Mas preste atenção, eu citei apenas dois ídolos do momento. Proposital? Sim, exatamente por termos apenas estes nomes como referências de uma equipe. Por qual motivo estamos perdendo esta grande ligação dos jogadores com clubes e os torcedores? A resposta está na ponta da língua dos próprios: o profissionalismo.

Não adianta ser contratado, jogar bem, ser campeão e fazer história (mínima que seja) em uma equipe para se ligar a ela. Agora, o lado financeiro fala mais alto do que qualquer ponto. Às vezes uma proposta de um clube de fora tira o bom jogador da equipe por conta da grana a mais e, quando vê que não se deu bem no ‘estrangeiro’, voltar ao Brasil na equipe rival do seu ‘ex-amor’ não é nada mais nada menos do que profissionalismo. E não estão errados, é questão de escolha.


Antes existiam muito mais trocas de jogadores entre clubes rivais, até com grande frequência, mas por conta de um aproveitamento não esperado dos dois. Era uma aposta dos times para talvez encontrar uma solução numa negação e, caso ela fosse mantida, não perdeu nada que investiu, apenas manteve o fracasso. E nessas trocas aconteceram casos cômicos, como a troca de Neto, que saiu do Palmeiras rumo ao Corinthians e carregou a equipe para o primeiro título nacional, além de conquistar o mais importante: a torcida alvinegra, que o idolatra até hoje.

Mas ainda é possível acontecer fatos como este? Trocar de casa pode mudar o rumo de uma carreira de tal forma a se identificar tanto com uma equipe? Claro que sim, na vida tudo pode acontecer. Se antes, quando surgiu, Ronaldinho Gaúcho era venerado pelos gremistas, hoje é odiado, taxado como traíra e mercenário, isso porque deixou de ir para o time do Sul para jogar no Flamengo. É apenas um exemplo de como as coisas mudam.

Kleber é outro destes jogadores ‘renegados’. Os primeiros torcedores a se decepcionarem com o Gladiador foram os cruzeirenses, que viram o seu melhor atacante forçar a barra para voltar ao time que estava muito ligado, o Palmeiras. Equipe dos segundos decepcionados, os fanáticos alviverdes, que engoliram seco o migué do ex-ídolo, visivelmente descontente e querendo sair, justo após receber uma proposta do Flamengo.


A idolatria está sendo tão banalizada que basta o atleta demonstrar o mínimo de ‘intimidade’ com a camisa que a torcida já o põe como o líder mor da equipe, o listando junto com os grandes nomes do passado do clube. Erro? Creio que sim, pois é preciso fazer muito para marcar, cravar o seu nome na história e, principalmente, na imagem de um time.

Lanço mais uma pergunta: ainda é capaz de surgirem ídolos nas equipes? Ou melhor, existe a possibilidade de existir um ídolo de verdade, que dedique a vida a uma instituição, assim como fizeram Falcão, R.Ceni, Marcos e Zico? A resposta vem do tempo e, obviamente, de você, leitor.

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