O dia começou difícil para o corintiano. Nesta madrugada a fiel torcida perdeu um de seus maiores ídolos, Dr. Sócrates, líder da democracia alvinegra da década de 80. Apesar da grande perda fora dos gramados, a equipe paulista estava brigando pela conquista do título nacional desta temporada. Era necessário um empate frente ao maior rival para garantir a conquista e homenagear o craque de ideologia memorável.
Tite tinha problemas para colocar a equipe em campo. Ralf e Danilo cumpriam suspenção automática e durante toda a semana o treinador testou a equipe de diversas formas. No final, Alex foi a escolha logica para a armação, com Wallace, zagueiro, adiantado à frente da defesa. Sem Emerson Sheik, suspenso pelo STJD, Jorge Henrique entrou na equipe titular. Pelo lado alviverde, time completo e vontade além do comum de estragar a festa do eterno rival.
Pelo espírito das equipes, o título seria decidido naquele jogo, sem interferências exteriores. Os jogadores palmeirenses entravam com fúria nas jogadas, demonstrando que a rivalidade falava mais alto dentro de campo. Com algumas entradas ríspidas, era visível o nervosismo alviverde, que não terminaria bem. Já o Corinthians jogava com pelo resultado, não arriscando tudo, mas sabendo que não poderia dar chances para o adversário, pois poderia se arrepender.
Dentro da etapa inicial, o jogo manteve-se truncado, com poucas jogadas criadas e raros momentos de perigo para os dois goleiros. Na falta batida por Alex, a bola subiu demais e não assustou. Patrik e Ricardo Bueno tabelaram e o meio-campista concluiu próximo à trave esquerda de Júlio Cesar. O alviverde chegava na bola parada, sua grande arma ofensiva neste ano. Faltava objetividade e criatividade para as equipes, que apenas trocavam passes e não conseguiam colocar as defesas adversárias na roda.
O segundo tempo começou da mesma maneira tensa. Logo aos quatro minutos o cartão vermelho já estava fora do bolso do juiz, fazendo com que Valdívia, depois de entrada em Jorge Henrique, fosse para fora de campo mais cedo. Seneme foi rígido, mas fez para acalmar o jogo e evitar maiores confusões. Pouco depois, Fábio Santos subiu pela esquerda e levantou na área. Liédson estava livre, pronto para cabecear para o gol, mas a bola passou raspando. Quem pensou que o perigo tinha passado se enganou. A bola seguiu e encontrou a coxa de Gerley, passando muito próximo do travessão do gol de Deola.
Em contra partida, o Palmeiras teve a melhor oportunidade de tirar o zero do placar. Assunção cobrou falta da intermediária esquerda, que contou com o cabeceio de Fernandão para acertar a trave. Na volta, Luan tinha pouco ângulo e o gol livre. De primeira, o atacante encheu o pé e viu a redonda ir mais alto do que poderia. Maikon Leite estava pronto para entrar em campo e lamentou a chance não aproveitada.
Mesmo com um homem a mais em grande parte do segundo tempo, o Corinthians não conseguia matar o jogo. E sabia que isso não era necessário, pois só perderia o título caso perdesse para o Palmeiras e o Vasco triunfasse sobre o Flamengo. Porém, se com um a mais não estava dominando, tendo o mesmo número de jogadores em campo pioraria a situação. Após tiro de meta batido por Deola, Wallace e Maikon Leite dividiram a bola. O zagueiro alvinegro entrou com maior força no lance, assim como Valdívia, e acabou expulso igual o chileno.
Tite então começou a criar sua ‘fortaleza’ defensiva. Chicão e Moradei entraram nas vagas de William e Jorge Henrique, assegurando a manutenção do placar e da chegada da taça à São Paulo. Antes de sair, Jorge Henrique deu o famoso chute no ar feito por Valdívia e iniciou uma confusão após a entrada de Gerley. Leandro Castán e João Vitor acabaram levando o vermelho e após seis minutos de troca de farpas e empurrões o jogo prosseguiu. E seguiu com o mesmo placar até o fim, confirmando a lógica do pré-jogo, com o título sendo mesmo conquistado pelo favorito, o timão.
O Pentacampeonato vem da melhor forma que o torcedor alvinegro poderia imaginar. Contra o rival histórico, em grande fila de títulos, o time da marginal Tietê manteve sua regularidade na competição e levou o caneco para o Parque São Jorge com méritos indiscutíveis. A perda de Sócrates nesta manhã sem dúvidas será sentida pelo bando de loucos, mas tem homenagem e gratidão garantida pela fiel torcida, sendo o título a marca deste agradecimento pelos anos de honra com que o Magrão defendeu o manto alvinegro sagrado.
Fotos: Folhapress / Gazeta Press
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