quinta-feira, 5 de julho de 2012

A confiança tornou real a utopia


Charge: Mário Alberto/Lancenet.com

O gol de Ralf no último minuto contra o Táchira em solo venezuelano mostrava que dessa vez o Corinthians não desistiria até suas últimas forças acabarem.

A estreia no Pacaembu mandou o nervosismo para longe com gols de Danilo e Jorge Henrique.

O 0x0 contra o Cruz Azul fez brotar uma gota de dúvidas no chopp alvinegro.

Mas, na primeira decisão da competição, Danilo marcou de cabeça e colocou o Timão como líder do grupo 6 com a vitória sobre o Cruz Azul.

A Ciudad Del Este contou com a invasão da Fiel para ver outra vitória corintiana, com gols de Emerson, Elton e Jorge Henrique, mostrando esquema seguro e consistente.

Para deixar o bando de loucos ainda mais esperançoso, o Paca foi palco da maior goleada do time, 6x0 sobre o Táchira em que seis jogadores deixaram sua marca.

Quer prova maior de coletividade?

As oitavas começaram com desconfiável empate sem gols, mas terminou com a classificação em outra vitória tranquila em casa.

Já as quartas foram os momentos mais tensos, quando a classificação estava em xeque até os 42 do 2° tempo contra o Vasco. Só que a estrela do destaque do time brilhou e Paulinho fez de cabeça o gol da esperança.

Ainda vivos. Mais vivos ainda!

Contra o Santos, o duelo mais esperado.

O atual campeão contra o esquema mais equilibrado e ajustado. A individualidade contra o coletivo.

Fora de casa, o domínio no 1° tempo rendeu o gol mais bonito da competição, marcado por Emerson Sheik, que garantiu a classificação após empate em 1x1 em São Paulo.

Se até aqui os adversários tinham sido fortes e dois deles com grande história em competições internacionais, a final tinha pela frente o maior pesadelo de times brasileiros.

15 vezes campeão continental, hexacampeão da Libertadores, sendo três conquistas em terras brasileiras – contra Palmeiras (2000), Santos (2003) e Grêmio (2007) –, estava lá o Boca Juniors.

Em La Bombonera a promessa era de amarelada à brasileira dos corintianos. Não aconteceu. O Boca dominou o jogo, mas o que se viu foi um gol salvador de Romarinho.

Dentro do Pacaembu, eternamente casa do Corinthians, faltava uma vitória para a utopia virar realidade. E, depois de ter vencido cinco e empatado apenas um jogo em casa nessa edição, a expectativa era a mais positiva possível.

E se tornou real com dois gols do papa títulos Emerson Sheik, tricampeão brasileiro e agora Sheik das Américas, como bem classificou Juca Kfouri.

Mas o próprio Emerson pediu para não ser chamado de herói, reconhecendo que não alcançaria a taça sozinho.

E o título está em domínio do Corinthians por conta do esquema bem aplicado por seu treinador, que consegui deixar o foco bem claro aos jogadores.

Todos sabiam o que precisavam fazer para manter a força tática, com defesa postada como não se via há muito tempo, que tornaram o time literalmente invencível nesta Libertadores.

O gol alvinegro foi vazado apenas quatro vezes, mas o ataque fez seu papel e manteve a invencibilidade intacta mesmo tendo o craque Neymar e Riquelme como rivais.

Tanta eficiência não surgiu neste ano e muito menos do nada.

A estratégia de Tite vem sendo montada desde 2 de fevereiro do ano passado, na segunda maior frustração da história do clube – o rebaixamento em 2007 é e será a maior.

A eliminação da pré-Libertadores para o até então desconhecido Tolima criou um vazio no elenco e comissão técnica, sendo duro baque para Adenor Leonardo Bacchi.

Tite foi alvo de duras críticas de torcedores e dirigentes, mas foi bancado para seguir no comando da equipe.

Este vazio foi preenchido pela gana de apagar o enorme tropeço e fazer história, dessa vez conquistando a América.

Hoje vemos os frutos da coragem da diretoria corintiana e do trabalho a longo prazo da comissão técnica.

Campeão brasileiro de 2011.

Agora campeão da Libertadores.

A conquista mais esperada e sonhada veio, com calma e após anos de aprendizado, cravando o clube como grande no continente e não somente no Brasil.

O Corinthians de Tite quebra o maior tabu da história do futebol brasileiro e torna real o sonho da América ser alvinegra.

Para selar a passagem com mais uma marca na vida do clube, resta agora o planejamento da conquista do Mundial de clubes que pode ser decidido contra o Chelsea.

Será que outro capítulo inesquecível será escrito na história do Corinthians?

Foto: Ari Ferreira/Lancenet.com


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