sábado, 19 de novembro de 2011

São Marcos para a eternidade

No meu primeiro texto na coluna "A bola está comigo", do Boleiros da Arquibancada, escrevi sobre a escassez de ídolos no futebol brasileiro. Dentro do atual profissionalismo, são poucos o que escolhem o sentimento e ligação que tem por um clube do que as inúmeras cifras que colocarão bolso adentro ao jogarem no exterior. Falei de algumas exceções, uma delas um santo de manto verde, vulgo Marcos Roberto Silveira Reis. Conhecê-lo por esse nome é complicado, mas basta dizer São Marcos que as grandes defesas e o carisma desta figura do futebol vêm à mente.


Contrariando praticamente todos os outros atletas de futebol, Marcos atuou profissionalmente por um único clube, o Palmeiras. Era difícil alguém com currículo inteiramente marcado por paginas verdes não se tornar ídolo. Da mesma forma, ser classificado como o maior jogador da história de um clube do tamanho do antigo Palestra Itália não é para qualquer pessoa.

Em 92, o Palmeiras já tinha histórico de ter em sua meta grandes goleiros. Por lá outros nomes memoráveis já tinham passado, como Oberdan Catani, Emerson Leão, Valdir Joaquim de Morais e outros grandes arqueiros. Velloso era o titular, mas por conta de uma lesão Sérgio assumiu a meta do time campeão paulista e brasileiro na temporada seguinte e em 94. Marcos foi contratado e era a terceira opção do treinador, Vanderlei Luxemburgo.

A temporada de 99 marcou o goleiro e a equipe paulista. Se Marcos alcançou a titularidade no meio da Libertadores, o Palmeiras se consagraria campeão graças às atuações do camisa 12 (especialmente na disputa de penais contra o Corinthians, quando Vampeta perdeu a penalidade e classificou o alviverde). Ao final da competição, foi apelidado pela torcida de São Marcos, ‘O Santo do Palestra Itália’.


A partir dai sua carreira seguiu crescendo, até finalmente chegar à seleção brasileira. Seguiu com o elenco rumo à Copa do Mundo de 2002, onde seria decisivo na conquista do mundial. Fazendo defesas importantíssimas, principalmente nas partidas contra a Inglaterra e a final com a Alemanha, ficou com o título de segundo melhor goleiro da disputa. Porém, no mesmo ano, o Palmeiras seria rebaixado para a segunda divisão do futebol brasileiro.

Estando em situação lastimável, era utopia pensar que o time conseguiria manter o goleiro. Grandes times da Europa se moviam para contratar Marcos. O Arsenal foi quem buscou com mais vontade contar com seu futebol. Mas, apesar do momento mais negro de sua história, o Palmeiras recebeu a melhor notícia que poderia: São Marcos não largou o time e seria o líder na volta à elite do futebol nacional.

Inúmeras vezes lesões vieram para tentar tirá-lo de sua posição. No paulistão de 2007, em jogo contra o Juventus da Mooca, o ídolo alviverde se lesionou. Começou ai uma série de fraturas que comprometeram a carreira do goleiro. No ano seguinte, o paulista terminou nas mãos da equipe palmeirense, mas não foi a melhor conquista. Marcos estava de volta à meta com boas atuações.


No início deste ano, São Marcos anunciou que seria o último como jogador do Palmeiras. A marca do time ruim ficará, mas a principal do ano de 2011 será a perda do maior ídolo do Palmeiras. No gol, Oderdan e Leão também fizeram história. Ademir conseguiu o mesmo liderando a equipe no meio campo. Entretanto, o carisma e o desempenho pra lá de sobrenatural firmaram o eterno camisa 12 do Palestra Itália como sinônimo mais próximo de Palmeiras.

Para ser santo nas religiões é necessário ser canonizado. Marcos Roberto Silveira dos Reis conseguiu este feito com a torcida palmeirense e será venerado enquanto sua história for lembrada, ou seja, eternamente.

Confira também o texto do adeus do Santo palmeirense dos gramados

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