quarta-feira, 9 de março de 2011

Arthur Stabile Entrevista Maurício Noriega

Boa tarde Maurício. Gostaria de agradecer a sua atenção e por me ceder o privilégio de entrevistá-lo, além de dizer que sou fã do seu trabalho e o considero um dos melhores comentaristas do Brasil.

Comentarista Maurício Noriega (dir.), ao lado
do narrador Milton Leite
Arthur Stabile: Como você descobriu o dom para o jornalismo?
Maurício Noriega: Difícil precisar. Talvez tenha sido muito cedo, quando despertei para a leitura, ou mesmo quando comecei a acompanhar o meu pai, Luiz Noriega, nas transmissões de eventos esportivos e nos programas que ele apresentava. Mas gostei mesmo quando comecei a fazer reportagens no meu primeiro emprego em jornal, na Folha da Tarde. 
AS: A sua formação na faculdade Cásper Líbero contribuiu muito para seu sucesso profissional?
MN: As faculdades melhoraram muito desde que me formei, hoje a estrutura é muito boa, principalmente em termos de laboratórios. Foi uma boa formação, embora eu tenha considerado insuficiente naquele período. Felizmente, comecei a trabalhar muito cedo e posso dizer que fiz duas faculdades, a de fato e a do trabalho no jornal.
AS: Como foi o seu início de carreira?
MN: Meu primeiro trabalho como jornalista foi na assessoria de imprensa da Federação Paulista de Basquete. Depois pintou uma chance para ser redator na Folha da Tarde, primeiro na área geral, depois na internacional. Eu comecei, então, a ajudar o esporte aos finais de semana e fui ficando. Foi um tempo bom, de muito aprendizado e de batalha, algum sacrifício, mas foi um período muito compensador em termos profissionais.
AS: Foi tranquilo ingressar na profissão?
MN: O mercado é pequeno, então é preciso aproveitar qualquer oportunidade que apareça e começar a trabalhar. Ninguém começa a carreira apresentando o Jornal Nacional. Meu pai, por ser jornalista, conhecia muita gente, mas eu fiz questão de não começar no esporte para evitar certo tipo de comentário. A dica é essa: apareceu uma chance, agarre. 
AS: Você já trabalhou em rádio, em televisão e em sites. Tem a preferência por algum dos meios? E qual as diferenças cruciais entre eles?
MN: Hoje estou na TV e gosto muito, estou perfeitamente adaptado. Mas adoro escrever, não consigo parar, tenho uma coluna semanal no jornal Diário de São Paulo. E acho a Internet fascinante.
AS: Foi fácil se acostumar com o ramo televisivo?
MN: Acho que eu já tinha alguma coisa dentro de mim sobre a TV por ter convivido tanto nesse ambiente, desde muito cedo, acompanhando meu pai na TV Cultura. Acho que o jornal dá uma boa base para quem chega à TV, mas é preciso se adaptar à linguagem e às questões técnicas. A TV depende muito mais de um trabalho de equipe, de muita gente junta, de som, luz, coordenação, é mais trabalhosa.  
AS: Tem alguma diferença de comentar em televisão aberta e em canal a cabo?
MN: O tempo na TV fechada é maior, você pode se estender um pouco mais nas transmissões e programas. Na TV aberta a ditadura do tempo é cruel, a linguagem é mais curta, direta.
AS: Ganhou o prêmio Ford/Aceesp de melhor comentarista esportivo por quatro vezes (2005, 2006, 2007 e 2010). Quando se ganha um premio tão importante, a pressão para se trabalhar é maior? 
MN: Não vejo como pressão, mas sim como reconhecimento a um trabalho. Todo mundo gosta de ganhar prêmio, mas nada mais é do que isso, um reconhecimento ao seu trabalho. Se alguém ganha prêmio e acha que por isso é melhor do que os outros, está no caminho errado. Tem muita gente boa e séria na minha área. 
AS: Quando jovem pensava em ter uma carreira esportiva tão longa?
MN: Várias vezes tive vontade de mudar de área, para poder ficar mais tempo com a família, viajar menos, ter uma vida menos corrida. Mas quando se faz o que a gente gosta o que é o meu caso, a gente não vê o tempo passar.
AS: Qual a sua opinião sobre a ‘invasão’ dos ex-craques no jornalismo esportivo brasileiro? E trabalhar com ex-jogadores é muito diferente de jornalistas formados
MN: Acho que quem deve responder isso é o telespectador. Há bons comentaristas jogadores e bons comentaristas jornalistas, cada um no seu estilo. Trabalhei com jogadores e jornalistas e nunca tive problema, acho que cada um tem a sua parcela de colaboração e pode ajudar o telespectador e avaliar o jogo.
AS: Agora uma pergunta um tanto complicada. Qual empresa que trabalhou você define como a melhor para se trabalhar e qual a mais desenvolvida na área da comunicação? 
MN: Trabalhei em muitas empresas, de vários tamanhos, idades, histórias. Gostei demais de trabalhar no Diário Popular, na Gazeta Esportiva, tive uma maravilhosa experiência na Internet, no site SportsJá!, e é uma honra trabalhara em uma empresa com o tamanho e a seriedade da Rede Globo, que é uma referência mundial.
AS: Tem o desejo de voltar a alguma delas?
MN: Adoraria ver de volta a Gazeta Esportiva, que hoje só existe na Internet. Foi o grande jornal esportivo do Brasil e até hoje não existe nada que seja parecido com o que foi a Gazeta em termos de importância histórica e prestígio no seu tempo áureo. 
AS: Sua profissão é incrível, que dica daria para os jovens que desejam segui-la?
MN: Estudar, ler muito, aprender línguas estrangeiras, se possível o mandarim, que tem tudo para ser um idioma fundamental em poucos anos. Trabalhar sério, duro e ter em mente que jornalista não é artista, é jornalista.

2 comentários:

  1. Competente e profissional.
    Bela entrevista.
    Parabéns e que o Noriega fique mais calmo nos jogos do Palmeiras... rsrsrs
    Christian Marques
    @cmarquesmg

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  2. esse NORIEGA é um tesão de homem ! ! !

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