terça-feira, 21 de junho de 2011

Garra e superação, este era o Palmeiras de 99

Há doze anos um time chegava no ápice do continente Sul-Americano. O Palmeiras conquistava a Libertadores da América pela primeira vez e marcava de vez na história o grande elenco que tinha, além de por definitivamente em evidência São Marcos e o treinador Luis Felipe Scolari.

De pé: Felipão, Marcos, Arce, Rogério, Júnior Baiano, Roque Júnior e Júnior.
Agachados: Paulo Nunes, César Sampaio, Oséias, Alex e Zinho.

Como dizem: todo bom time começa com um bom goleiro, bom não, excelente! Nesta competição Marcos surgiu como revelação e não saiu mais do time palmeirense. O camisa 12 entrou na vaga do experiente Velloso, que se machucou ainda na primeira fase,

A trajetória na competição passou longe de ser tranquila. Logo na primeira fase o grupo do alviverde contava com o bom time do Cerro Porteño, o paraguaio Olímpia e para fechar somente o arquirrival Corinthians vinha pela frente. Mesmo no grupo da morte o time passou.  Nos confrontos com o rival venceu o primeiro e perdeu na volta. E este confronto ainda iria mexer com o coração de palmeirenses e corinthianos na fase de mata-mata do campeonato continental.

A estreia foi justamente contra os alvinegros do parque São Jorge. O jogo foi no Morumbi e previa a emoção das quartas-de-final disputada entre os dois times. E o gol teimava em não sair, para os dois lados, até que surge uma falta, tiro livre indireto dentro da área para o Palmeiras. Naquela época, assim como hoje, falta para o time verde é sinal de perigo certo. 

Se na fase atual Marcos Assunção cria problemas para os goleiros naquela época o lateral paraguaio Arce era o protagonista das bolas paradas. Sem piedade da barreira adversária, que contava com seis jogadores, o camisa 2 enfiou o pé e destinou a bomba na rede do gol defendido por Dida. Mesmo com o paredão branco em sua frente Arce garantiu a estreia vitoriosa para a parte verde do clássico.


Nos demais jogos da primeira fase o time não teve grandes dificuldades em garantir a classificação. Foram mais duas vitórias, a principal sobre o Cerro Porteño, quando jogou no Paraguai e aplicou 5x2 nos donos da casa. Empatou um jogo, em casa com o Olímpia, mas teve gosto de derrota, pois o goleiro Velloso, então titular, se machucou e deu lugar a Marcos. Perdeu dois deles, contra o Olímpia fora de casa, por 4x2, e na partida de volta contra o Corinthians, novamente no Morumbi, por 2x1.

A classificação veio, ficou na segunda posição com dez pontos, logo atrás do rival alvinegro. Pela frente, nas oitavas, não poderia ter pior adversário: ia encarar o atual campeão da competição, o Vasco de Luisão, Juninho Pernambucano e Felipe.

Certamente seria a prova de fogo para o elenco de Felipão mostrar toda sua qualidade. Realmente, o primeiro jogo foi complicado. Jogando no Palestra os times ficaram no empate, 1x1, gol de Oséias, para o Palmeiras, e Guilherme, para o Vasco. Na volta a vantagem era dos cariocas, tanto por jogarem em casa quanto por marcarem gol fora. E soube aproveitar bem, pelo menos no começo do jogo. Luizão abriu o placar, deixando o Vasco bonito na foto.  Em jogada ensaiada Junior cruzou e Paulo Nunes empatou. 


Até ai tudo bem. Eis que Alex e Paulo Nunes fazem tabelinha incrível, atordoando a defesa vascaína e passando a frente no placar com o gol do 10 palmeirense. 2x1 verdão. Ramon soube aproveitar escanteio pros cariocas, jogou bola fechada que bateu em Galeano e foi parar nas redes. Tudo igual novamente.

E quem soube usar a seu favor a vantagem do Vasco foi o Palmeiras, que foi pra cima dos donos da casa na segunda etapa sem pensar duas vezes. O furacão verde conseguiu passar a frente, novamente com Alex. Em cobrança de falta, sempre ele, Arce deu números finais ao jogo, 4x2 Palmeiras que avança para as quartas.

E encontra quem no caminho? Mais uma vez o rival Corinthians, em jogo que marcou uma geração de torcedores. Duas partidas no Morumbi. A primeira vencida pelo Palmeiras, por 2x0 com gols de Paulo Nunes e Rogério. Na volta a vantagem foi apagada. O Corinthians conseguiu se superar e vencer pelo mesmo placar, gols marcados por Edinho e Ricardinho. Uma vitória para cada lado por 2x0 e a disputa de pênaltis inevitável.


Marcos de um lado e Dida de outro, os goleiros eram classificados como os protagonistas antes das batidas. Os jogadores alviverdes aproveitaram todas as cobranças e marcaram, restava Oséias para definir. Pelo Corinthians Dinei jogou a segunda cobrança no travessão e Vampeta parou nas mãos do prodígio a santo, Marcos. Estava nos pés do centroavante verde a classificação e, como de costume, Oséias não decepcionou e deu ainda mais confiança para o time e a torcida palestrina.

Como em toda Libertadores não poderia faltar um rival tradicional da argentina, desta vez o River encararia um time brasileiro. Se as outras partidas fora de casa tinham sido complicadas a diante dos argentinos foi a pior. Derrota por 1x0 e pressão para reverter o resultado no Palestra Itália. Pressão sobre o Palmeiras? Pelo contrário, pressionado estava o River Plate pelo caldeirão verde formado pela torcida.  

E o apoio fez total diferença. Os verdes foram buscar o placar necessário e encontraram outro, muito melhor que o que precisavam, conseguiram vencer por 3x0 e a apreensão do pré-jogo deu lugar a alegria e esperança da conquista do sonhado título Sul-Americano.


O Deportivo Cali passou pelo Cerro Porteño e se tornou o adversário dos brasileiros. Primeiro jogo lá na Colômbia, expectativa de outra partida dura, uma batalha no estádio Olímpico de Cali, contra o time local e 37 mil torcedores. Não deu. A derrota foi inevitável, 1x0 foi o placar favorável conquistado pelo clube verde da Colômbia.

Mas não vamos esquecer, garra e superação são as palavras que melhor definem este Palmeiras de 99. Jogo em casa, Palestra lotado, 32 mil torcedores alimentavam a sede de títulos dos jogadores. Honrar a camisa era o mínimo que eles poderiam fazer, mas foram além: conseguiram conquistar a vitória por 2x1, gols de Oséias e Evair, levando mais uma vez o time para a disputa de pênaltis, que desta vez decidiria o melhor da América naquele ano.

A tensão fluía em todos ali presentes. Marcos já tinha ganhado a fama de pegador penalidades na disputa com o Corinthians e era expectativa de barrar as cobranças do Cali. O Palmeiras começava batendo e Zinho foi para a marca. O meia tomou grande distância, correu pra bola e colocou muita força, acertou o travessão e a bola foi para fora. O goleiro Dudamel cobrou e marcou. Ainda mais tensão no Palestra.


O zagueiro Junior Baiano era o próximo da lista e tinha grande pressão em suas costas. Caminhou na cobrança e bateu sério, no meio do gol, soltando o time Palmeirense e aliviando o sofrimento do torcedor. Na segunda cobrança do Cali Gavíria fez igual a Junior, bateu no meio, quase jogando em Marcos, que ainda encostou na bola, porém, ela entrou. Outro zagueiro verde foi escolhido, Roque Júnior desceu o canudo rasteiro no canto direito do gol. 

Yepes, atual zagueiro do Milan, imitou Roque Júnior e repetiu o gol, no canto esquerdo do goleiro palmeirense, agora para os colombianos. O lateral Rogério foi o quarto cobrador e não decepcionou, marcou o gol mais bonito da disputa, jogando no canto alto direito de Dudamel. Tudo se encaminhava para a vitória dos visitantes, em plena casa lotada do antigo Palestra Itália.

Encaminhava, pois uma trave resolveu entrar para a história e garantir o título ao time de origem italiana. Bedoya, meio campista, correu para a bola e... errou! O colombiano enfiou um tiro forte que encontrou de frente a trave, passando na frente do gol e saindo. Euller viu que poderia passar a frente no placar e não pensou duas vezes, jogou rasteiro no canto do goleiro.

A pressão agora tinha mudado de lado. Ou Zapata empatava ou o alviverde se tornaria campeão da Libertadores. O jogador do Cali tomou distância grande, estava antes da linha da grande área para cobrar. Correu, bateu... o silêncio reinou por um segundo que parecia inacabável no Palestra Itália, até todos terem certeza que o jogador errou a cobrança e jogou a bola para fora. Marcos saiu correndo em direção à torcida para comemorar junto a quem acompanhou e mais apoiou o time: os fanáticos torcedores palmeirenses.


A glória veio com grande esforço. Apesar de ter uma grande equipe o Palmeiras sofreu, suou e se superou para enfim se tornar campeão da América. Essa foi a terceira final do time paulista, que foi vice nos anos de 1961 e 1968, perdendo para o Peñarol e Estudiantes, respectivamente. Depois da conquista a equipe foi decidir o mundial interclubes com o Manchester United, mas perdeu a decisão por 1x0.

Neste mês de junho, mais especificamente no dia 16, comemora-se o aniversário da conquista do maior título do clube alviverde. Este texto relembra a trajetória e faz uma homenagem aos protagonistas deste marco histórico para o clube do Palestra Itália, resgatando uma época vitoriosa e, quem sabe, inspirando este time atual e a torcida para a busca de novos títulos importantes para a Sociedade Esportiva Palmeiras.



Um comentário:

  1. Meu velho, tem coisa errada aí. Na Libertadores de 1999, o goleiro do Corinthians era Nei. Somente no jogo decisivo contra o Palmeiras o goleiro era o Mauricio. Dida esteve na Libertadores de 2000.

    Abraço.
    regthorpe.blogspot.com

    ResponderExcluir