quinta-feira, 23 de junho de 2011

Tri na raça!

Marcada na história. Nada explicava melhor a noite de ontem para os brasileiros, não somente santistas. Pela segunda vez decidindo o título Sul-Americano depois da era Pelé, que venceu duas vezes o torneio, o Santos de Neymar, Ganso e Muricy tinha a missão de trazer estas conquistas para o presente e marcar uma nova geração.


Mas não tão era fácil assim. O adversário era um dos piores possíveis: o Peñarol, time retranqueiro, de jogo fechado e assustava nas poucas chances que tinha. No primeiro jogo lá no Uruguai isso ficou claro, quando os brasileiros tiveram alguns momentos complicados, porém, que não foram devidamente aproveitados pelos donos da casa, que, obrigados, deixaram para fazer o resultado aqui no Brasil.

Tarefa ingrata, não? E para piorar a equipe praiana estava devendo este titulo para sua torcida. Em 2003, jogando contra o Boca Junior, foi derrotado e frustrou todos nós que esperávamos grandes vitórias da geração Diego e Robinho, mas que ficou na vontade. Agora era a geração Neymar e Ganso que tinha este alvo.

Mas temos que lembrar: o Santos só chegou a final da Libertadores graças a Muricy Ramalho. Na primeira fase os resultados não estavam vindo, alguns jornalistas brasileiros já o tiravam da competição antecipadamente. Até que o técnico tetracampeão brasileiro chegou e mudou o astral dou time e sua forma de jogo, ensinando a seus jogadores a marcar. E deu resultado. Conseguiu a classificação na bacia das almas e depois disso o time só se fortaleceu.

O título paulista também deu animo. A sede por conquistas havia sido temporariamente encerrada, deixando todos mais tranquilos e focados para buscar o alvo do semestre e de quase 50 anos: o ponto mais alto da América.

E de praxe em toda final, antes da partida todos ansiosos, mas confiantes que o título ficaria em terras brasileiras. Saída de bola do Peñarol e vamos para o jogo!


Os times começaram se estudando um pouco, com o Santos mais a frente, tentando colocar em pratica seu jogo de rodar a bola e encontrar boas jogadas. E conseguiu. Os uruguaios estavam receosos e resolveram jogar no erro dos brasileiros. E deram sorte, pois Arouca não fez um primeiro tempo bom, errou muitos passes e deu algumas jogadas para o adversário.

A melhor chance da etapa inicial foi alvinegra, claro. Em batida de falta Elano focou o canto do goleiro e enfiou a bola no ângulo. Sosa se esticou todo para evitar o gol santista e fez a melhor defesa da partida. Pouco antes disso Durval também teve sua chance, concluindo de cabeça bola cruzada na área, entretanto, errou o gol.

Pelo lado amarelo e preto a melhor jogada foi de Martinuccio, que recebeu bola na pequena área e estava impedido no lance, o bandeira não deu, mas Rafael conteve o cruzamento do atacante argentino. Estavam então reservadas para a segunda etapa as jogadas decisivas da partida e de todo um trabalho.

Ambos mantiveram as mesmas equipes, voltando com o mesmo modo de jogo. Porém, o Santos não quis esperar mito para dar alegria para sua torcida. No segundo minuto Arouca arrancou com a bola do meio campo, deixou cinco jogadores para trás e rolou para Neymar na grande área. O atacante então fez o que disse no twitter pouco antes do jogo: fez história. E o primeiro gol do jogo, jogando no canto esquerdo baixo do gol.


Então o Peñarol viu que precisava ir além do seu limite e resolveu sair mais para jogo, buscando mais as brechas dos defensores santistas. E claro, saindo mais do seu campo defensivo o time deixou espaços na defesa. Demorou um pouco, porem o Santos soube aproveitar isso. Elano estava com a bola no meio do campo ofensivo e viu Danilo livre pela direita, não pensou duas vezes e mandou para o lateral.

Elano deve ter pensado na seguinte jogada: bola na área e Zé Eduardo ou Neymar marcam o segundo. Pensou corretamente, mas o jovem jogador da Sub-20 foi além e resolveu tudo sozinho. Recebeu a bola na ponta da área, cortou para dentro, adiantou um pouco a bola e tirou ela do goleiro, colocando no mesmo canto esquerdo inferior do primeiro gol. Placar ampliado e a certeza do título havia alcançado a torcida, quer dizer, o mar branco do Pacaembu, da Vila Belmiro e dos sofás de casa.

Por incrível que pareça problemas ainda viriam. Léo pediu passa sair, pois seus 35 anos pesaram na decisão. Em seu lugar entrou Alex Sandro e a emoção novamente estava no gramado. O lateral é um ótimo apoiador do ataque, mas deixa muito espaço em suas costas para os jogadores adversários jogaram. E foi exatamente ali onde nasceu o gol uruguaio. Livre o atacante do Peñarol cruzou a bola na área e Durval cortou mal, mandando para as próprias redes. 2x1 e mais quinze minutos de jogo.

No momento em que mais precisava conter o jogo Ganso estava lá. Sua frieza e tranquilidade impressionam, pois quando recebeu a bola soube exatamente o que fazer: deixar o tempo correr e aproximar o titulo das mãos do capitão Edu Dracena. O apito do juiz deu fim ao pequeno sofrimento santista e a espera de gerações por este troféu.


A festa reinou nas arquibancadas do Pacaembu, enquanto o UFC durou alguns instantes no gramado, graças à imensa sabedoria de não saber perder dos uruguaios. Fizeram uma excelente Libertadores, porém, não souberam reconhecer quando foram meros coadjuvantes na conquista do Santos.

Deixando isso de lado, Neymar, Ganso e Muricy mostraram do que são capaz. O treinador reajustou esta equipe, tirou o favoritismo do papel e colocou em campo. Neymar foi o homem do ataque e será por muito tempo, no Santos e na Seleção. O Ganso voltou neste jogo ao gramado e parecia estar jogando desde a primeira partida do ano, contribuindo de maneira única para a criação de jogadas.

Este foi o décimo quinto titulo brasileiro na Libertadores. O tricampeonato santista. Pelé estava no estádio em todos eles, nos primeiro no banco de reservas, por estar lesionado. No segundo foi o homem do jogo fazendo dois gols. Agora no terceiro a pior forma de acompanhar a partida: no camarote sem poder fazer a diferença.


Com este título Pelé parecia ter sido libertado. A conquista mostrou para o craque e para todos nós que o Santos não é o time viúvo do craque da Copa de 70 e sim o time dos garotos da Vila. Jovens que sempre surgem para seguir a história deste clube quase centenário.

Fotos: Ivan Sorti / Eduardo Viana / Ari Ferreira

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