quarta-feira, 13 de julho de 2011

Sensacionalismo barato que sai caro

Há algumas semanas aconteceu o trágico desfecho do caso Nicolas Alexandre. O garoto estava desaparecido em Poá e infelizmente foi encontrado sem vida próximo de onde havia sumido e morava, no bairro do Jardim São José. Por si só a história já é triste e trágica, porém, a forma com que a imprensa divulgou o final do caso conseguiu piorar a situação.

Na tarde de quarta-feira daquela semana, no programa “A tarde é sua”, a apresentadora Sônia Abrão recebeu a mãe, o padrasto e um vizinho do garoto Nicolas. O objetivo, segundo eles, era de explicar melhor o caso, porém ficou mais do que claro que buscavam audiência com os convidados. Após as entrevistas analisei e cheguei a seguinte conclusão: o alvo deles não foi, sequer de longe, alcançado. As informações ditas ali não contribuíram em nada na resolução do problema e muito menos amenizar, se é possível, a dor da família, parentes e amigos.


Antes do programa o caso já estava solucionado. O criminoso foi preso e confessou o crime. Por sinal, a apresentadora e os convidados violaram uma regra básica de ética: não respeitaram os direitos humanos. No momento em que se falava do assassino (podemos denominar assim somente por conta da confissão do individuo), nenhum deles se preocupou em não incitar a violência, falando que somente não o mataram porque não resolveria nada, não por respeito à vida e os direitos alheios.

A cada nova tragédia que surge conseguimos ver o sensacionalismo se aproveitando do sofrimento alheio. Além de evidenciar o estado de refém que a TV vive diante dos números de telespectadores, deixando de lado o bom conteúdo ou o tratamento correto de determinados fatos.


E parece difícil mudar a mentalidade dos grandes da televisão, pois são poucos os programas que levam cultura e algum conteúdo de qualidade. Em contra partida, o programa A Liga, da Band, junto com o Profissão Repórter, da Globo, mostram com muita eficiência diversos temas do cotidiano, que contribuem para que possamos entender melhor a vida e como ela é na realidade.

Para os empresários que comandam as emissoras, programas com estas características não tem o resultado esperado de audiência, consequentemente de patrocínio. Sendo assim preferem colocar em seu lugar plataformas de entretenimento, principalmente de diversidades, que não levam nada de útil aos espectadores, e sim servir apenar para passar o tempo, mas benéficos financeiramente.


A TV brasileira precisa de cultura útil, como as levadas pelos programas citados, e não servir de um ‘desligador mental’, sendo utilizado para as pessoas fugirem da realidade e esquecendo a vida, muitas vezes dura, que tem. Audiência não é sinônimo de burrice ou falta de inteligência, todos tem potencial para aprender e a televisão é um dos grandes meios para que o conhecimento seja disseminado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário